21 fevereiro, 2009

Linhas e Nós

Queria me entregar
Queria estar na palma de suas mãos
Queria que pensasse que é você quem me conduz,
quando na verdade apenas segue minhas migalhas

Queria que susurrasse em meus ouvidos
Queria que me calasse com seus lábios
Queria que me acordasse com sua poesia... a poesia de teus olhos
E que me colocasse para dormir em seu peito ao som de tuas histórias de herói

Queria que me fizesse menina, me fizesse mulher
Queria ser seu desejo, sua agonia, seu êxtase e perdição
Queria estar em suas mãos
Queria estar em suas mãos !

Queria deslizar em suas linhas
Queria deslizar em teu corpo perfeito
Queria navegar em teus olhos
E afogar-me em tua boca

Queria trançar nossas linhas
Queria me perder neste nó
Queria acordar sem começo, sem fim, sem planos
Ao passar dos anos !

Queria costurar nossas almas em terno novelo
Queria ser teu zelo
Queria fazê-lo feliz
Queria ser aprendiz !

Queria estar nas palmas de tuas mãos
Mas elas estão ocupadas por uma boneca de porcelana...
hoje ela ganha vida meu Gepetto, você a despertou !
E enquanto ela respira, você desperdiça este feito e eu, meu amor !

Queria estar em tuas mãos
Queria mergulhar no fogo desta paixão, e arder em seu corpo
Queria perder-me em tuas linhas divinas
E não nestas pobrezinhas.

Sete Dias


Enquanto meu olhar mergulhava nas divergentes verdade daquele quarto,
meu coração por vezes paralisou, por vezes acelerou...
Transitei de escuros vazios, para o transbordar de almas
Naqueles instantes experimentei dor, indiferença e excelência !

Sentimentos por hora despiram-se ao meu testemunho,outros,
oblíquos e singulares emaranhavam-se às minhas mãos, entrelaçadas
às rugas da experiência.... para algumas, da sobrevivência.

Apesar dos cabelos brancos e das meias de lã, senhoras, mantêm seus espíritos jovens
e criativos, são livres como cavalos selvagens, à correr em busca de seu próprio destino.
Outras, estão em poços, poços pobres e escuros, que não permitem o movimento do balde...
na verdade, nem o cair de uma gota.


Acho que somos como velas ! Sim, somos feitos de resina, e mais cedo ou mais tarde, acabaremos ! E restará apenas o pavil.
O que nos difere é o como queimamos!
Uns queimam subtamente, nem sequer sentem ventos, nem sequer sentem seu próprio calor;
outros sofrem verdadeiros vendavais ! Choram choram e sua resina espalha-se ao "Deus- dará".
Há os que mal acendem! São apenas um foquinho, que tornam a falhar....somos uma diversidade e tanto !
Tem ainda aqueles em formato de estrelas, os aromáticos, os decorativos, que se preocupam em agradar todos os olhares.... enfim somos muitos !
Mas eu não poderia esquecer daqueles que esperam seu último sopro para ficarem de vez em sua escuridão.....
E muito menos dos que estão no fim, mas se vêem como velas de sete-dias ! Pois têm fé em si mesmos, são sua própria luz.

Porque o que nos define, os que nos queima são nossos pensamentos !

Queda Livre

De repente estava afogando-me, parecia estar diante do fim...
A cada metro de lama meus pulmões se compriamiam tentando puxar o que antes me dava vida.
Tentei tentei, mas nada vinha. O que me alimentava antes, o que corria em minhas veias não existia mais, minha esperança morreu comigo ! Naquela areia movediça.
E o que restava a minha volta, dentro e fora de mim, era lama !
Tornei-me vazia sem nem uma gota e cheia quando já não cabia nem sequer uma delas !
Vazia de carinhos, de sonhos, de amores, e cheia desta ilusão, cheia de esperar, de tristeza, de temores !
O "tudo" e o "nada" estavam sempre juntos, fazendo questão de circundar meu coração....hora ele batia gelado e hora batia fervendo !

Depois de ter toda minha' lma coberta, estava só! Eu e o poder daquele repuxar...
A única opção era sair, já que morrer não fora solução ! As dores ainda me pertubavam, mesmo que debaixo da terra !

Comecei a pensar e mais do que isto, a pensar com o coração, antes mesmo da lógica.
O que eu procurava era SENTIdo para acordar daquela longa noite !

Já que desejar os insetos não me fazia anestesiada, tive de partir, passei a remexer na lama de minhas entranhas, e nelas encontrei feridas, sujeira e algumas pétalas... depois, alguns botões sofocados.

Até que percebi que a cada metro avançado, sentia a cor do vento em meus ouvidos, enchi-me naquele momento....

E notei enfim, que não estava numa areia movediça, mas sim em queda livre !

Sou fênix diante do precipício da morte-vida !