09 janeiro, 2010

Trono 9

Escrever para você é atravessar um ponte da frustração.

Sim, bem contraditório, pois em mim há tantas linhas e verbos seus.

Não compreendo, és tão simples ! Meio alfabeto lhe agradaria, mas não posso.

Não consigo escrever para luz.

Preciso que me ilumine, mas ler uma homenagem minha te obrigaria

a visitar um vale de sombras.


Eu adoraria amá-la como o faz, merecê-la...

Rezo para o esgotamento de sua entrega

Ainda mais louca que eu, é esta sua paixão irreversível

por quem sou e por quem posso me tornar.


Temo tanto, tanto tempo, tanto tem

para ser feito, para o efeito.


Desejo eu, por misericórdia, por seus celestes prêmios

me transformar em anjo, ao menos em um segundo,

para lhe dar um beijo às mãos que exibem rugas

Rugas de quem amou muito e de quem alimentou feras

azedas, mesquinhas, questionadoras, inocentes.

Pudera eu, deixar esta caverna para caminhar até as Estrelas.

Lhe devo ao menos este beijo...

Asas de anjo, com plumas, cabelos dourados

mas minha boca ainda será pecaminosa.

Minhas asas de fênix não têm permissão para voar tão alto.


Quanto queria poder amá-la, quanto.

Este desejo me fere, rasga a minha incapacidade,

mas além dela não existe o louvor.

Vejo seu peito, seu coração estendido,

mas minhas mãos fervilham, queimam.


Perdão !



Entre-vista, Entre-linhas I

-A verdade ?
-Tudo bem, já que insiste em me torturar
-Não, eu nunca finjo, é que moram muitos nesta minha casa
-Sim, eu disse que era um santuário, mas pense bem, santuários abrigam também demônios.
demônios !
-Pois lá as pessoas vão para receber bênçãos. Portanto, libertam-se das feras e elas continuam lá, aqui, digo.
-Existe um Deus, mas como em todo templo, Ele é silencioso, quase imperceptível, sabe?
-Sim, voltemos.
-Definir-me ? Seria mais fácil encontrar o silêncio na explosão de nossa Mãe Traidora
-Conter definições ? Ah! Definições definem o fim, estipulam o fim. Pessoas são sempre começar e recomeçar.
-Eu vivo escondida.
-Como vivo ? Eu amarro minhas mulheres em troncos.
-Porque não posso ser eu... é muita ousadia, entende ?
-Ah! Eu vivo com o sangue que escorre delas... conforme as maltrato, o sangue escoa e eu desenho, traço, minha vida com esse vermelho, com esse ver.
-Acho que é vermelho porque é a cor do amor e a cor da vida. Mas se elas tomassem a frente, seria como estar em um lugar puro demais, entende ? Aqueles que quando respiramos os pulmões doem, por ser selvagem ? Então escrevo com a dor que elas permitem sangrar.
-Porque para que eu fosse os 'eus', teria de fazer uma escolha
-Sozinha eu já vivo. Teria eu de viver o contrário.
-Medo da solidão ? (risos) não mais, o que temo agora é viver com as pessoas.
-Me assumir ? Ah! Eu temo, nós tememos.
-Bem, eu me prendo aos preconceitos alheios para não me transportar à liberdade.
-Porque quando lá chegar... nada deterá o que as selvagens pedem.

06 janeiro, 2010

Não Sei

Não sei bem de onde vêm nossa crueldade, frieza. Não sei porque tudo que é bom engorda. Não sei porque mulheres são diferentemente tão iguais aos homens. Não sei bem porque somos movidos pelas faltas. Não sei porque evoluímos tanto tecnologicamente se não nos damos 'bom dia' e 'com licença'. Não sei o que é respeito, nem quanto o desrespeito acarreta em alguém. Não sei de onde vêm meu egoísmo. Não sei porque as pessoas matam por um Deus. Não sei porque mães perdoam tanto. Não sei porque amo cavalos. Não sei o quanto e se vivemos realmente e o quanto é projeção. Não sei o nome de nenhum duende. Não sei se a loucura me ameaça ou se é a lucidez controladora. Não sei porque aprendemos 'casenos'. Não sei conviver com o fato do esporte e teatro não receberem investimentos governamentais. Não sei se azeitona é fruta, legume (isso me tira do sério). Não sei o quanto os espíritos são espontâneos. Não sei porque tenho medo de pombos. Não sei porque amo fazer a letra "P" em letra de mão. Não sei porque sou tão intensa e por assim ser, vivo tensa. Não sei qual a vantagem e a veracidade de cada verdade, mas a verdade é que somos frágeis demais. Não sei porque está lendo isso. Não se se arrependeu-se. Não sei se os 'porques' que escrevi são juntos, separados, acentuados, só sei que existem vários deles comigo. Não sei porque a lua me fascina assim. Não sei porque sonho com borboletas que me atravessam. Não sei quantos personagens existem em mim. Não sei porque eu queria saber de tudo e muito menos porque fingia saber tudo, o que sei realmente é que 'dizer' não sei tem um sabor e leveza incrível... e que sempre haverá o que aprender. E... coloque o título que quiser nessa inutilidade.

Amor + Amor ' =

Lembram-se desta música ?
'quem um dia irá dizer que não existe razão pras coisas feitas pelo coração?'

Esta música 'foi a gota d'água' (entendeu o trocadilho?) para perceber que há LÓGICA no amor.

Dizem :'eles se completam', não retrato aqui um romance, mas uma história entre duas almas, cabe qualquer sexo, parentesco, distância. Sabe-se lá o trabalho que isto dá ? Ver o que lhe falta, frustra, incomoda ? Enxergar a possibilidade de amadurecer, de criar e levitar, com o peso do que não possui ? Como voar com asas de outro ? Como dói amar alguém... como dói evoluir com isso. O amor é matemático ?
Parece cruel, mas acho que Deus fez deste modo porque nos ama. Para que aprendamos sempre.
Quanta ironia.

13 dezembro, 2009

PROSTÍBULO DO ADEUS

ACHO QUE A VIDA ME FAZ PROSTITUTA
É, A VIDA ME PAGA PARA DESTRUIR CASAMENTOS
SERÁ QUE SIRVO APENAS PARA ISTO?
DESTRUIR COM VERDADES?
DESTRUIR VIDAS, TALVEZ ILUSÓRIAS, MAS VIVIDAS.
DIA-DIA ALGUÉM ABRE MÃO
E ENTÃO EU ENTRO EM CENA,
E DEVORO PEDAÇOS DA CARNE?
DEVORO PEDAÇOS DAS MENTIRAS MAIS BEM FEITAS
PELO EGO, PELA PROJEÇÃO, PELA JUVENTUDE INFAME
E DESTRUO?
SOU, SOU ‘DESTRUIDORA DE LARES’
MAS DOS LARES INTERNOS
OS LARES ESCUROS, OS LARES ESCONDIDOS
EU DESTRUO !
SER ESCRAVA ... VIVER DE PEDAÇOS DA CARNE
E DEIXAR ALGUEM EM PEDAÇOS?
É TUDO TÃO CONTRADITÓRIO.
SOU PROSTITUTA, ALIÁS, SOU PARASITA
QUISERA EU SER MULHER, SER CAPITU
E DESTRUIR PELA SEDUÇÃO
NÃO PELO SENTIR, NÃO PELA DOR
MAS PELO PRAZER
NÃO POR ME ALIMENTAR DO SANGUE DE OUTRO SER.
VAI VER, SOU PAGA PELA MORTE
POIS PARASITAS NASCEM DO PODRE,
MINHA VERDADE, NASCE DO DESEQUILIBRIO...
SOU FILHA DA MORTE ?
E É TUDO TÃO CONTRADITÓRIO...
DIZEM QUE SÓ É POSSÍVEL VIVER QUANDO SE PERDE UMA PARTE
ENTÃO, SERÁ EU, UM RITO DE PASSAGEM?
E COMIGO NINGUÉM FICARÁ?
SERÁ QUE ESTA MORTE QUE ME PAGA TAMBÉM ERA SÓ UM RITO
E EU PARALISEI? SOU ESCRAVA DELA?
E É TUDO TÃO CONTRADITÓRIO.
E QUEM SERÁ O PRÓXIMO?
ESTOU COM FOME
ESTOU COM FOME.

PRECISO DO TORMENTO ALHEIO
SENÃO, NÃO SEREI NADA.
NÃO SEREI RITO, NÃO SEREI FORTALEÇA
SEREI ESQUECIDA.
E A MORTE? A MORTE ASSUSTA...
A MORTE DÁ GLÓRIA,
MAS A MORTE, ELA VIVE SEMPRE ASSIM,
VAZIA.
PORQUE DOS MORTOS, DA HONRA E DA HISTÓRIA
AS PESSOAS LEMBRAM
E DA MORTE?
ELAS CORREM COM O VENTO....

09 outubro, 2009

Chá da Coragem

Hoje me perguntaram : quem és ?

comecei com as teias
sou rio que corre tijolos do passado
sou asas de ferro
sou tudo aquilo que poderia e não sou
sou a potência congelada
sou o talento assustador
de fingir-me atrás de 1 metro e pouco
sou a que manipula verdades, até convencer o
próprio engano.
Sou um incômodo singular
sou pétalas e gotas
sou traços e abstrato
sou a contradição, mas preciso apenas do mesmo
sou eu ali escondida em baixo da cama
sou quem toma o café das 5 com a loucura
dorme com a insensatez
quando o sol raiva, vem com ele o cansaço
almoço esperança e lembro-me de colocar a vassoura atras da porta
mas ela voa sozinha e logo a companhia toca : Esta sou eu

Elenco Fantasma

Já não sei mais quantos são
Eles me invadem
Incorporam aos montes
Ação !
Me fazem de boneca de pano
hora brincam, hora rasgam-me
Sobem do penhasco ou me atiram de vez
Toco na maciez das nuvens ou em pântanos de amargura
escrevo, dirijo, atuo, deslizo, queixo, me orgulho,desisto,
Pego a boneca, dou-lhe companhia
sonho com bosques e lá vem eles outra vez

Conheci a Capitu com seu poder inquestionável
a menina chorona que só
a mãe que vive o amanhã
o avô que oferece colo pra contar histórias
a vingança que calcula de forma perfeita
a criança abandonada no berço
o sábio que do silêncio faz sua morada, e da palavra sua glória
E todo um alfabeto... vesti minha'lma
A vida é cenário da morte
mas nunca ensaio.
Sequei ao sol, exalando desgosto
e bebi água de chuva, cantarolando
E onde está o equilíbrio ? Este senhor ainda não visitou-me
Agora estou aos trapos !
Nunca fui palco, fui beco de grandes, de espetáculos em desespero
Os farrapos, as porpurinas... as plumas que enroscam em espadas.
AÇÃO !